Banda paulista, Bloco do Caos lança o álbum “Os Muros Não Sabem Escutar”.
Com discurso anti-Bolsonaro, o novo projeto chega para cravar de vez a força e relevância da banda no cenário musical brasileiro e pode ser resumido em uma palavra: Mistura. Unindo os mais diversos gêneros, do Reggae ao Rock, passando pelo Maracatu, Afrobeat, Funk carioca, Rap, Samba e Ijexá, o Bloco traz em 13 faixas uma experiência sonora repleta de reflexão e balanço.
O disco conta com as participações de luxo do Maneva, Onze:20, Planta & Raiz, Marina Peralta, do rapper GOG e da banda argentina Los Cafres. “É uma honra muito grande ter esses nomes gigantes conosco. Isso só mostra o quão importante é nossa mensagem e que temos feito um ótimo, confiável e respeitoso trabalho até aqui. Esses nomes abraçaram a ideia e vieram com tudo”, revela Andrew Lee, baterista do grupo.
Com letras politicamente engajadas, o álbum é um grande posicionamento. “Pra nós, a arte tem função social. Ela leva o ouvinte a refletir. Ela não muda o mundo, mas muda as pessoas. Pessoas, sim, mudam o mundo”, comenta Alê Cazarotto, vocalista da banda e um dos produtores e compositores do projeto.

Desde o nome, o trabalho fala alto. Fazendo referência a um verso de uma das canções do disco, “Santo nome”, inspirada em Carlos Drummond de Andrade e lançada ao lado do Planta & Raiz, o título “Os muros não sabem escutar” tem grande simbologia. Os “muros” simbolizam divisão, separação e opressão. Aquilo que nos prende e nos cerca. Estes mesmos muros não escutam, não estão abertos a debate: têm de ser derrubados com ação, com luta.
“O nome resume muitos aspectos do álbum para nós. Nós não temos interesse em incentivar discurso, queremos incentivar ação”, aponta Renato Frei, guitarrista da banda.
Além disso, o nome conversa com a ideia de que os “muros” não vão saber escutar o álbum. “A gente tem lado. E esse lado não é o da opressão, do fascismo. Não é o lado desses muros. Essas músicas são pra nós, não pra eles”, afirma Cazarotto.
O título e o conceito do trabalho andam de mãos dadas com a bela arte que estampa a capa, produzida por Alê Cazarotto. De um rádio no centro dos escombros de uma casa, nascem plantas e flores que furam as pedras e paredes de concreto. A mensagem é direta: a música tem o poder de fazer crescer a esperança em meio à destruição. Em meio a um Brasil caótico, governado de forma irresponsável e desatenta ao social e àqueles desprivilegiados, a mensagem que a banda tenta passar é extremamente necessária e extremamente atual.

O disco como um todo deixa explícito um grande desejo de mudança e a importância da luta coletiva como grande força transformadora da sociedade. Isso fica claro em canções como “Algum Lugar”, já apresentada ao público, que canta em seu refrão: “Sem dor não haverá vitória”, a inédita “Fúria da chuva”, que faz analogia com a chuva representando o povo e usa do ditado popular “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura” em seu refrão, e a também inédita “Inspiração”, gravada em parceria com o Onze:20, que traz um refrão que praticamente traduz o álbum: “Inspiração e dança. Libertação, revolução, mudança”.
O Bloco do Caos surgiu no final de 2013 em São Paulo e é conhecido pelo seu show explosivo, cheio de energia e um som bem diversificado e cheio de mensagens fortes. A banda traz na bagagem diversos shows e festivais importantes, tanto pelo Brasil como em Portugal, alguns prêmios relevantes e outras parcerias importantes como Toni Garrido, Tato (Falamansa), Izenzêê (Braza/Forfun) e Big Mountain (USA), que renderam dois EPs e um álbum oficial e fizeram a banda ter milhões de plays e views pela internet.
“Os Muros Não Sabem Escutar” é o 2º álbum oficial da carreira do Bloco do Caos e vem pra coroar essa nova fase da banda que com seus quase 10 anos de existência segue ativa mostrando que a arte é forma de resistência, de oposição e de afronta aos poderes que tentam discriminar setores da população. Dia 05 de Agosto é dia de acompanhar mais um grande acontecimento na história desse Bloco do Caos que ainda tem muito a falar.
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